José Dirceu cogita aliança entre a ‘esquerda’ e a ‘direita liberal’ para derrubar Bolsonaro

Zé Dirceu

O ex-ministro de Lula, José Dirceu, afirma em texto publicado no blog nocaute, que, ao participar de atos pró-intervenção militar no Brasil, Jair Bolsonaro “cometeu aberta e conscientemente crime de responsabilidade. Se não for detido, caminhará para o golpe”.

Dirceu publicou um texto em que defende inclusive uma aliança com a direita liberal, que segundo ele, teria rompido com Bolsonaro: “A primeira pergunta é quem quer derrotar Bolsonaro? Além das esquerdas, derrotadas nas eleições presidenciais viciadas de 2018 — com o impedimento a Lula de ser candidato e o turbinamento de fake news impulsionadas pelo capital empresarial —, a oposição a Bolsonaro é engrossada, hoje, pela direita liberal, que apoiou o capitão e o projeto econômico ultra-liberal de seu ministro da economia, mas distanciou-se dele frente ao seu autoritarismo, seus ataques à democracia e às instituições, seu fundamentalismo e obscurantismo.”, afirmou.

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Segundo o ex-militante e um dos cabeças do PT durante muitos anos, “para as esquerdas não há outro caminho. É preciso propor o impedimento de Bolsonaro e lutar por ele”. “Não se trata só de uma ameaça à democracia, mas do início de um golpe de estado, que precisa e pode ser derrotado. Esta é a hora. O país precisa de eleições gerais e de uma nova Constituição que deve vir pela soberania popular”.

O condenado pela Lava Jato fala ainda: “não podemos desprezar que Bolsonaro, apesar da perda de apoio entre os partidos de centro-direita, na sociedade civil e mesmo entre grandes empresários, ainda conta com forte base social, fundamentalista e politizada”. “Além das minorias agrupadas em torno de milícias, baixas patentes das Forças Armadas e um contingente expressivo das Polícias Militares”.

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Em seu texto, ele afirma que não há “vazio de poder no Brasil”. “Há um poder que se divide, se fraciona, perde legitimidade, mas ainda tem o respaldo das Forças Armadas expresso pelos generais-ministros instalados no Planalto e pelo grande número de militares lotados em órgãos de governo”, continua.

“A forte presença militar na disputa política e no exercício do poder no Brasil de Bolsonaro, o que é uma violação flagrante da Constituição e do Estado de Direito, coloca para as esquerdas a gravidade e o risco de uma ruptura institucional ou simplesmente de uma tutela militar aberta”, afirmou.