“A liberdade de um juiz nessa situação é muito reduzida, para não dizer eliminada”, declara Bretas

O juiz da 7ª Vara Criminal do Rio, Marcelo Bretas, em férias na Itália, visitou o Papa Francisco nesta quarta-feira (27), no Vaticano. Em entrevista à repórter Ilze Scamparini, após o encontro, o magistrado afirmou que não pode levar uma vida normal no Rio de Janeiro por causa das ameaças que sofre desde que assumiu o julgamento dos casos da Operação Lava Jato no estado.

Questionado se pretende deixar o Rio, Bretas admitiu a possibilidade, por questões de segurança. “Não penso no sentido de planejar, de querer, mas existe esse tipo de preocupação, de talvez ser necessário.”

O magistrado disse que não pode viver normalmente na cidade por causa das ameaças e da preocupação com a segurança.

“Se quiser ir à praia tenho que sair do Rio de Janeiro. É triste, mas a liberdade de um juiz, de um agente público que está nessa situação é muito reduzida, para não dizer eliminada. Não posso me dar alguns prazeres simples, como caminhar eventualmente numa praia. No início eu relutava muito. Recusava esse tipo de coisa, mas não mais”, disse Bretas, se dizendo convencido a aceitar as medidas de segurança. “Não tenho nenhum tipo de paranoia quanto a isso. Apenas sigo as orientações. Sou forçado a sair do local em que vivo para me sentir um pouco mais à vontade. Como aqui (em Roma, onde foi concedida a entrevista) onde posso andar na rua com tranquilidade.”

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O G1 publicou em abril que o juiz da Lava Jato no Rio chegou a receber três ameaças de morte em uma semana, que estão sendo investigadas pela Polícia Federal. Bretas foi responsável por decretar as prisões de agentes públicos e empresários envolvidos com a corrupção no Rio, entre eles, o ex-governador Sérgio Cabral, o ex-secretário de Saúde do Rio, Sérgio Cortes e os empresários Eike Batista e Fernando Cavendish, da Delta Construções.

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Bretas não quis comentar a suspeita da PF que, mesmo preso, o ex-governador Sérgio Cabral estaria financiando a montagem de dossiês contra ele. Cabral nega a acusação e chegou a pedir desculpas por ter se exaltado durante uma audiência com o magistrado.