Exército monitora ameaças do MST e ‘atos a favor de Lula’

O líder do Movimento dos Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, anunciou nesta sexta-feira, 5, por meio de um vídeo, que a Frente Brasil Popular pretende realizar atos em defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o julgamento do petista pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), no dia 24, em Porto Alegre. O tom da mensagem de Stédile “acendeu a luz de alerta” dos serviços de inteligência das Forças Armadas.
As instituições acompanham as atividades de movimentos como o MST e de seus líderes, como Stédile, “dentro da agenda de trabalho de rotina em todo o País”, conforme disse o Estado nesta sexta-feira um oficial da área de inteligência. O alto comando das Forças recebe regularmente relatórios sobre ações dos grupos mais ativos.
Além de atos no TRF-4, no dia do julgamento que pode tornar Lula inelegível, Stédile anunciou manifestações diante de fóruns de cidades menores, “sobretudo da Justiça Federal nas capitais para demonstrar nossa indignação”. “Nosso foco não é apenas Porto Alegre”, disse João Paulo Rodrigues, companheiro de Stédile na coordenação nacional do MST.
O tom do discurso das organizações de esquerda tem endurecido nos últimos dois anos, desde que foi desencadeado o processo de impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, avalia o militar, que, no entanto, não reconhece a existência de “um exército do MST”.
A preocupação é de que as manifestações possam evoluir para o confronto direto – e violento – com a polícia e, “pior, para a pressão além do limite sobre o Judiciário, sobre os magistrados principalmente”.
Outro motivo de apreensão é o choque entre organizações divergentes – como o Movimento Brasil Livre (MBL), apoiadores do deputado Jair Bolsonaro e os quadros do MST, no campo, ou do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), nas cidades. O MBL se mobiliza para protestos contra Lula no dia do julgamento.
No vídeo divulgado nesta sexta-feira, Stédile diz que a ideia é realizar, a partir de março, etapas do processo que ele chamou de “congresso do povo” em todos os municípios brasileiros. Em seguida, as propostas seriam levadas a encontros estaduais. “E, finalmente, depois da Copa do Mundo, lá pelo fim de julho, faremos o congresso do povo nacional em pleno Maracanã para juntar 100 mil, 120 mil militantes”, disse Stédile.