Líder de ‘movimento por moradia’ é denunciada por extorsão; ex-moradora relata que era obrigada a trabalhar em campanhas petistas

O Ministério Público de São Paulo denunciou por extorsão e pediu a prisão preventiva à Justiça da líder do Movimento Sem Teto do Centro (MSTC), Carmen da Silva Ferreira, que ilustra a foto ao lado de Lula e Haddad. Ela é responsável pela ocupação do Hotel Cambridge, no centro, por 142 famílias, em um total de 450 pessoas. O imóvel ficou por seis anos invadido e, no mês passado, foi desocupado para se tornar habitação social para as próprias pessoas que o ocupavam.

Carmen é acusada de exigir pagamentos dos moradores sob pena de expulsão à força para quem não podia arcar como os valores.

Abaixo, o depoimento de uma das pessoas exploradas pelo PT nas invasões:

Entrei no Cambridge em 2015 após pagar 4 000 reais para conseguir um quartinho com banheiro. Peguei dinheiro emprestado com um padrinho, paguei as mensalidades de 200 reais por dois anos, mas chegou uma hora que não deu mais. Foi aí que comecei a exigir explicações sobre os valores cobrados. Não era justo pagar por água e luz sendo que tudo é gato, tudo é ligação clandestina. Limpeza, então, eram os próprios moradores que faziam. Porteiro só tinha um que ganhava menos de um salário mínimo. Após diversas ameaças, fui colocada para fora só com a roupa do corpo. Arrobaram a porta do meu quarto e entraram com quatro capangas e me obrigaram a descer. Foi desesperador. Eu com meus filhos na rua em plena madrugada. Só conseguia chorar. É um trauma que carrego até hoje. Depois de dez dias meu marido conseguiu voltar e pegar nossas coisas.
Após fazer a denúncia, fui abordada na rua três vezes. Em uma delas um homem saiu de um carro branco armado e exigiu que eu retirasse a denúncia, caso contrário minha família e eu iriamos morrer. Em outra ocasião, tive meu celular levado com vídeos e áudios comprovando as ameaças. Desde então, estou fugindo com minha família. Nos últimos tempos, morei em cinco lugares diferentes. Minha vida está sendo assim agora porque tomei a coragem de revelar o que ela estava fazendo.
Lá no Cambridge nada era de graça. As famílias que começaram a questionar muito a gestão dela foram expulsos… Só os ligados a ela que agora vão receber uma moradia do governo porque foram os que sempre pagaram tudo certinho e faziam o que ela pedia. Éramos obrigados a trabalhar para o movimento. Por exemplo, eu trabalhei na última campanha de Fernando Haddad (PT) fazendo boca de urna. Outros tiveram que ir para Brasília por três dias quando a Dilma sofreu o impeachment. Somos obrigados a ir nos atos e, se for preciso, até enfrentar a polícia.

Imagens que comprovam a extorsão realizada:

contribuic3a7c3a3o-2016valores-de-pagamento-da-mensalidade1