Delegados da Lava Jato no STF se revoltam com declarações absurdas do diretor-geral da PF

Estadão informa que as declarações do diretor-geral da PF, Fernando Segovia, à Reuters de que o inquérito contra o presidente Michel Temer deve ser arquivado por falta de provas provocou reação imediata de delegados que participam de investigações de inquéritos especiais, envolvendo autoridades com foro. A Coluna do Estadão teve acesso a uma mensagem enviada em grupo de WhatsApp de delegados na qual dizem que “ninguém da investigação foi consultado ou referenda essa manifestação”.

Leia o texto na íntegra:

“Os integrantes do Grupo de Inquéritos da Lava Jato no STF informam que a manifestação do Diretor Geral da Polícia Federal que está sendo noticiada pela imprensa, dando conta de que o inquérito que tem como investigado o Presidente da República tende a ser arquivado, é uma manifestação pessoal e de responsabilidade dele. Ninguém da equipe de investigação foi consultado ou referenda essa manifestação, inclusive pelo fato de que em três de anos de Lava Jato no STF nunca houve uma antecipação ou presunção de resultado de Investigação pela imprensa.”

Temer é alvo de inquérito que apura suposto favorecimento a uma empresa que atua no Porto de Santos, chamada Rodrimar, por meio de um decreto. O presidente nega as acusações. A ADPF deve se manifestar neste sábado. “As declarações repercutiram muito mal entre os delegados. Estamos redigindo uma nota. Recebemos as declarações do diretor geral da PF com incredulidade e inconformismo”, afirmou o presidente da associação, Evandir Paiva. Para complementar: “O diretor geral não pode se manifestar sobre um inquérito ainda em andamento”.

O que mais incomodou delegados foi a sugestão do diretor-geral da PF, que é próximo de Temer, de que se houver um pedido da Presidência, a PF pode abrir uma investigação interna para apurar a conduta do delegado Cleyber Malta Lopes nos questionamentos apresentados ao medebista no decreto.