João Santana detalha a Moro como era esquema de corrupção de Lula: “Lula em primeiro lugar”

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, ouviu, na tarde desta segunda-feira (5), o ex-marqueteiro do PT João Santana e a mulher e sócia dele, Mônica Moura, como testemunhas de acusação no processo sobre o sítio de Atibaia.

“Meus contatos eram sempre com a cúpula do partido. Lula em primeiro lugar, Antonio Palocci era um interlocutor, depois os presidentes (do PT) Ricardo Berzoini, Rui Falcão e lideranças mais expressivas”, confessou João Santana.

Ele disse que chegou a Lula via Palocci, depois de ter feito sua campanha para a prefeitura de Ribeirão Preto.

Santana também confirmou Moro que pediu a Lula e Antonio Palocci que não fizessem caixa 2 na campanha de 2006, por causa do escândalo do mensalão. “Falei para o Palocci e ele concordou na primeira conversa, daquela forma diplomática de ser dele. Mas dois meses depois, ele sentou comigo e disse que seria impossível. Falou: ‘Mas tem uma forma segura para pagar não oficial. Você tem conta no exterior?”

Com a confirmação do marqueteiro, Palocci lhe apresentou então a Odebrecht. “É de absoluta confiança.” Segundo ele, tudo o que recebeu da Odebrecht foi recurso não contabilizado – propina, no caso.

Nesta ação penal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de receber reformas no Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo, como propina.

Além deles, Moro também ouve o ex-gerente da área Internacional da Petrobras, Eduardo Musa. Os interrogatórios começaram por volta das 14h e são presenciais. Os três têm condenações na Lava Jato e são delatores – Mônica e João foram condenados duas vezes.

O ex-presidente foi denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em maio de 2017 e finalmente se tornou réu na ação em agosto.