
RIO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atacou o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores, na noite desta terça-feira. Pouco antes, no mesmo evento, no Teatro Oi Casa Grande, na Zona Sul do Rio, a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), já havia criticado o magistrado. Na semana que vem, a corte vai julgar o recurso da defesa de Lula contra a condenação no caso do tríplex do Guarujá — o ex-presidente foi condenado a nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
— Não vou falar mal dos juízes de Porto Alegre porque não os conheço. Acho estranho o presidente do tribunal não ter lido a sentença e ter falado que era irretocável. Estranhei um cara (desembargador) ler não sei quantas mil páginas em poucos dias, mas, como tem leitura dinâmica, pode ser. O que me chamou atenção foi que esse cidadão vai a Brasília pedir proteção da Suprema Corte, no Temer, no Etchegoyen, sem dizer quem está ameaçando. Esse cidadão é bisneto do general Thompson Flores, que invadiu Canudos e matou Antônio Conselheiro. É da mesma linhagem. Quem sabe esteja me vendo como cidadão de Canudos — disse Lula.
O ex-presidente sugeriu ainda que o juiz Sergio Moro, que o condenou em primeira instância, deveria ser exonerado, pelo “bem do serviço público”. Já Gleisi afirmou que o partido radicalizou o discurso nos últimos dias porque é preciso ter “direito à indignação” — segundo ela, a condenação de Lula é “injusta”. A senadora ironizou ida do presidente do TRF-4 a Brasília, onde se encontrou com a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia. Thompson Flores relatou que os desembargadores que vão analisar o recurso da defesa de Lula sofreram ameaças. A oitava seção, responsável pelos processos da Lava-Jato em segunda instância, é composta por três desembargadores: Leandro Paulsen, João Pedro Gebran Neto e Victor Laus.
(O Globo)

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